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A mostrar mensagens de 2020

Qual é a tua receita para a nossa doença?

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Há uma suspensão do presente contínuo e de uma visão construída durante décadas e décadas. Estamos habituados a planear, a aceitar o que temos à frente e a lutar tendo em vista um determinado objectivo de subsistência, de apoio, de segurança. As razões de uns e de outros e o mundo visto pelos diferentes olhares  são a porta de entrada para os movimentos que promovemos. Mas aquela suspensão vem agora mais de cima; dos directores, dos pais, dos professores, dos médicos, dos responsáveis por organizações consideradas idóneas... E nós não temos, ainda, a capacidade para olhar para este desnorte - às vezes vestido de convicta suposição da razão absoluta - e emitir uma opinião realista e construtiva sobre o que está a acontecer connosco. E fazer alguma coisa! Por exemplo: a epidemia multinome alastra furiosamente, bem como a incapacidade de avaliar se devemos comungar da esperança de uma vacina ou se, antes pelo contrário, nos devemos organizar em sociedade civil responsável e multidisciplin

Medo é filme de terror?

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´Medo' foi sempre uma palavra constante no meu vocabulário interno, embora não a verbalizasse com frequência. Por estes dias ouve-se muito.Medo de ser inferior, medo de não agradar, medo de não ser suficiente e de não ser capaz, do amanhã... Em todos estes movimentos parados, a sensação que tenho  assemelha-se a uma lembrança de filme de terror visto em criança. Não sei (!) bem porque é que sinto esta metáfora, até porque há muito tempo escolho não ver esse tipo de filmes... Mas cá dentro a memória está fresca e vai fazendo parte de muitas conversas. Hoje uso-a - tento sempre muito- como um remédio contra a paralisia e preparação para o 'não sei como fazer' ou 'não sei o que sinto sobre isso'. Remédio porque sei que esta noção se aproxima uns passinhos mais da capacidade de reagir ao stop. De assumir o medo como uma reacção natural e até familiar e saber tratar de mim e dos outros quando as pernas bloqueiam ou as palavras não saem. As relações íntimas são exigentes

Sorrio, por trás da máscara?

Tenho estado aqui a pensar em coisas e palavras para escrever e, de repente, quase me parece insuficiente qualquer reflexão que possa fazer sobre este mês e meio de quase total pausa... Ao mesmo tempo pergunto-me, para lá do óbvio material de notícia, que novidades cada um de nós traz para esta nova fase da vida. É nova, não é? Experimento, sobretudo, a possibilidade de haver outras hipóteses  ainda não vislumbradas e que se coadunam mais com a minha verdade interna, com a minha consciência do que estou aqui a fazer e do que Sou. E, volta não volta, todos nós sentimos que o caminho pode ser ligeiramente pró lado, não necessariamente (embora algumas vezes o será) de fricção, mas será sempre de fusão com o que construímos passo a passo. Este movimento foi agora proposto com esta pausa, o movimento de apreciar e deixar estar... De não fazer força para que as coisas sejam diferentes, de desejar ardente e calmamente que as 'nossas' pessoas estejam bem, de contribuir para a alegria

Poder versus Desaparecer

Colocado um binóculo gigante para as últimas décadas (5 ou 6), observa-se um trabalho individual de afirmação e poder individual muito fortes. O poder pessoal, como lhe chamam, trabalha em conceitos como a auto estima, o auto merecimento, a auto avaliação. Desde a igualdade de géneros à liberdade relacional, passando pela excentricidade visual e regras, tudo passa pela forma como exercitamos o nosso poder de ser quem somos ou, pelo menos, de experimentar aquilo que julgamos ser. E este auto poder está ligado ao amor próprio e à capacidade de nos diferenciarmos do que não faz sentido, num instante, em cada um. Ora, se o ser humano não se diferencia -  e esta diferença pode ir desde o corte de cabelo à roupa pré definida como ideal, até ao emprego de sucesso ou à conta bancária - o poder deixa de ser sentido e exercido. E, deixemo-nos de rodriguinhos; todos nós, sem excepção, fazemos esse movimento mais ou menos vezes. Esta não manifestação de poder, agora vivida na necessidade de sair

Cuidados, atenção e sorrisos

Todos nós somos organismos vivos, mutáveis, renováveis. As bactérias e os vírus também o são. Por isso, tendo a noção de que o ser humano deve renovar-se e tornar-se mais Humano olhando para este casa gigante de um modo mais amoroso e limpo, eis o que a minha reflexão traz, modestamente, até aqui.  Febre, tosse seca, cansaço são os sintomas iniciais desta força renovada que agora se chama corona. Já tivemos todos situações idênticas, abrindo aqui um parêntesis para a realidade de que este bicharoco resiste muito tempo em superfícies e, parece, no ar respirável. Segundo o médico alopático  Klinghardt ( https://www.youtube.com/watch?v=yIL2FVlaZu4 )  2 gramas de vitamina C por dia deverão vedar o acesso do vírus e a sua manifestação. O link acima demora, mas é bem interessante De resto, há mais algumas medidas que podemos tomar para prevenir a gripe e reforçar o sistema imunitário ou mesmo para os primeiros sintomas, deixo aqui recomendações.  Em chá, na comida, em tintura ou comprimid
Sou útil ou usável? Há uma linha ténue que separa a utilidade do uso, no que diz respeito à forma como nos relacionamos. Embora, do ponto de vista terapêutico, seja habitual sermos utilizados pelos nossos pacientes como via para a sua saúde, quando passamos a ser meros instrumentos, a coisa descamba. E para os dois lados... Mas vou deambular uma bocadinho sobre a relação não exclusivamente terapêutica, onde as pessoas estão - ou devem estar - também em verdade total. Quando dizemos «os verdadeiros amigos vêm-se no infortúnio» estamos a dizer que a relação está circunscrita à dor, mesmo que momentânea. Compreendo que os amigos se escusem de vivenciar a dor, mas não de a ignorar; compreendo que seja difícil dar palavras de aconchego, mas não de aconchegar; compreendo até que haja alguma distância, mas não percebo que falte a assumpção da verdade de quem se afasta. Se eu aceder a essa verdade e disser ao meu amigo sofredor que não consigo estar com ele, ele saberá que o fio que nos un

Haverá meios arco-iris?

Hoje vi um meio arco iris... Brilhava entre as nuvens e a emanação do sol das primeiras horas da manhã. Primeiro deu ideia de um foco de luz saído de uma lanterna, depois começou a verticalizar e a alargar-se, como se as nuvens estivessem a dar-lhe espaço para se mostrar. Eu quis ver e fiquei a olhar o céu muito tempo e a pedir quem andava ali a correr que olhasse para cima...  Não tinha como tirar fotografia, mas não preciso dela para me lembrar, porque 'engoli' esta imagem ... Este brilho fez pensar. Pensar na possibilidade de fazer o mesmo, de brilhar intensamente, mesmo que por alguns minutos; de trazer cá para baixo o que é tão bonito lá em cima e de enviar para cima toda a aprendizagem - dor, prazer, reconhecimento, compaixão, tristeza - porque somos a soma dessas coisas todas e isso é bom! Prometo-me, por isso, respeitar o património que construo todos os dias; olhar para ele como uma memória de saber viver e não duvidar da certeza deste caminho e da finalidade be

Apego às pessoas?

Pessoas, emoções, coisas, hábitos... Tudo isto são factores que nos prendem, às vezes indelevelmente, à necessidade de controlo e à segurança. O modo como nos seguramos a 'desenhos' mentais e emocionais habituais delimita a liberdade de olhar para as coisas de uma forma nova.Por isso sofremos quando amigos e familiares desaparecem para outras bandas sem pré-aviso, quando não interrompemos uma emoção espoletada por uma mesma situação mas em enquadramentos diferentes, e sofremos ainda quando sentimos falta de algum objecto/apêndice que sirva como prova da nossa identidade. Tudo isto existe na minha vida. Provavelmente na tua também. Exactamente porque sinto isto como meu, sou também - agora - capaz de me ir libertando quase sem a dor de outrora. As pessoas são de mais difícil separação, sabemos todos... Mas também é verdade que eu própria estive nos dois lados da barricada: já fui para outras bandas e já sofri com a debandada de pessoas amadas. No meu coração, e nas duas situ