O primeiro de todos

Fui jornalista numa revista de moda e beleza, tutelada pela minha querida Maria João Aguiar. A partir daí a escrita e a palavra foram fluindo no quotidiano, passando por várias etapas, locais e, sobretudo, por gente.
Quando a minha amiga Catarina 💛me cutucou para escrever o que digo, apareceram imagens da minha antiga tutora a sugerir algo semelhante. Confesso que os temas são, agora, bem mais aliciantes. Quem me conhece sabe do que falo...
Ora daqui sai - está a sair - o primeiro texto de todos os que ainda escreverei. E este é sobre uma palavra que se torna hoje, aos meus olhos, um objecto de estudo profundo: gratidão. É o mesmo que agradecimento? Adiante...
António Nóvoa apareceu, em 2015, numa explanação muito curiosa sobre o 'obrigado'. Nessa altura, achei interessante a forma como ele trouxe São Tomás de Aquino para a sua reflexão. Por isso, trago agora os dois, sugerindo que os espreite.
A gratidão envolve, para lá das emoções, necessidades e falsas verdades. Falsas verdades sobre a dependência e a não liberdade, necessidade de controlo e de manipulação. «Estou grata, mas não dependente; estou grata, mas não desvinculada do meu poder; estou grata adeternum e não apenas quando necessito do outro...»
O coração enche-se, e os olhos muitas vezes, quando somos presenteados com um acto, palavra, presença, olhar que, naquele instante foi capaz de nos reajustar ao ser que somos: aquele mais perfeito e mais real - sim, eu acho que somos perfeitos! - quando nos coloca à frente antes invisíveis possibilidades infinitas.
A verdadeira gratidão corresponde em exacta medida ao poder do Amor que dirigimos ao ser que nos gratificou. E o Amor não tem forma fixa nem correntes que amarram e condicionam; é como a água cuja missão é envolver, lavar e levar para longe os tormentos e as dores.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Terra para aprender e ensinar

O que se vê desta nuvem branca

Regresso à mulher que sou, depois do silêncio