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Alegria. Conheci um homem especial com este sobrenome; especial porque operou um tumor cerebral com mestria à minha companheira.
Tinha umas mãos gigantes, de mestre pastor, dedos flexíveis articulados - podia ser em volta de um cajado - que lhe serviam para arredondar conversas reais, às vezes difíceis. Fazia-se acompanhar - não de amigas ovelhas - de uma altura considerável e de um sorriso peculiar,  pela dentadura ligeiramente aumentada e proeminente.
Assim, com este élan, o dr. Alegria explicava os procedimentos que aprendera na África do Sul, pausando apenas quando o paciente lhe pedia que não continuasse a narrativa, por talvez o estômago não permitir tal digestão...
Mas foram as suas mãos, iluminadas de sucesso, que ficaram retidas em mim. Isso e a palavra Alegria, que serviu tantas vezes para me entristecer em adolescente e animar o meu fogo em adulta.
Hoje, continuo a vestir as minhas mãos da luz do Alegria porque não há forma de realizar o serviço ao outro.
Obrigada Carlos Alegria.

Comentários

  1. As mãos são, sem dúvida alguma, o que mais impacta em nós quando nos sentamos à frente de um neurocirurgião!....

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