Até quando a amnésia?


Acabei de ver o filme 'Uma vida à sua frente' na netflix, a conselho de uma amiga. «É intenso» disse-me ela. E eu resolvi vê-lo sozinha, embora não tenha sido bem uma escolha, antes uma circunstância. 

Micro histórias de várias gerações, religiões, cores, crenças, opções comungam no que verdadeiramente temos de igual: a dor, a música, a perda, a crueldade, o carinho, o cuidado e a Memória.

A representar uma vítima do holocausto, Sophia Loren ainda dança. A custo, mas dança com prazer. A seguir evade-se; depois acaricia a face de um menino senegalense orfão e ainda tem tempo para tomar conta de um bebé filho de um transsexual. E recolhe-se outra vez, de olhar vazio, cheio de tantas imagens que receamos visitar pelo confronto com o que somos.


Este retrato é real. Há muitos seres vivos que materializam o que este filme mostra, na sua bondade e também na sua desumanidade. A célebre palavra 'pandemia' alastra-se desde há muito. Está espalhada por dezenas de locais: Senegal, Síria, Níger, Sudão, Iemen, Arménia, Brasil, Timor-leste, Hong Kong...

Porque acontecerá tal desprezo pela vida humana? Censura e punição por diferentes estados de ser, estar, sentir são realidades tão longamente conhecidas que seria bom termos já tempo de aprender melhor a felicidade que há ao ver o novo.

Milhões de almas por todo o mundo duplicam e triplicam (a ser possível) a necessidade de ajuda e o seu nível de sobrevivência já nem se vê no final do poço... Continuo a rezar às minhas estrelas para que nos iluminem com a sua sabedoria e para que nós consigamos recebê-la o mais rápido e fielmente possível.

Já agora, se puderem ver o filme, era bom. Se não tiverem acesso à netflix, digam que arranjamos uma mini sala de cinema e fazemos uma tertúlia a seguir. Acesso não condicionado, nem a cores, nem a credos, nem a preferências sexuais.
Pode ser lá para Abril, se todos quisermos. 

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